TEORIAS DE GRANDES
PENSADORES DA EDUCAÇÃO
A participação do aluno na construção de seu saber é uma ação imprescindível no
processo ensino-aprendizagem para esse momento histórico atual. Esse
pressuposto gerado a partir de inúmeros estudos indica que de fato cada
indivíduo deve ser inserido no contexto do seu aprendizado, tornando-se sujeito
de sua história e agente transformador de sua sociedade.
O que podemos notar é que não se pode valer de apenas uma teoria vinculada a um
pensador de renome, precisa-se unir teorias que possibilitem na ação conjunta o
resgate dos valores humanos, juntamente com a progressão intelectual contínua.
O que afirma SMOLE (2001:19), “ninguém pode se valer apenas de uma teoria”.
Para que o sistema educacional consiga progressão em sua meta é necessário que
todos os educadores possam estar conhecendo as diversas teorias educacionais
condizentes ao período histórico atual, podendo dessa forma, se aperfeiçoarem
continuadamente, oferecendo perspectivas inovadoras e instigantes aos seus alunos
e a si mesmo. De acordo com TEREZA (2001:19), “conhecer os estudiosos da
educação e o processo de aprendizagem dos alunos sempre ajuda o professor a
refletir sobre sua prática e compreender as políticas públicas”.
Na perspectiva de propiciar um melhor entendimento sobre a importância de se
compreender o sistema educacional, nos próximos capítulos, resumir-se-á idéias
de grandes autores que influenciaram e ainda influenciam a Educação em todo o
mundo.
De acordo com Emilia Ferreiro, deve-se valorizar o conhecimento da língua que o
aluno já tem antes de iniciar os estudos em sala de aula. Para a autora, o
aluno não vem para a escola sem saber de nada, ele traz consigo um aprendizado
importante que deve ser aprimorado e contextualizado para promover condições
favoráveis as suas necessidades cotidianas. Segundo a tese de FERREIRO, a
criança passa por quatro fases antes de completar o processo de alfabetização
que por ela são chamadas de pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e
alfabética.
“Analisar que
representações sobre a escrita o estudante tem é importante para o professor
saber como agir”. (WEISZ, 2001:20).
Para tanto, o processo de alfabetização foi programado em ciclos para que o
aluno pudesse estar construindo o saber em constante contato com objetos de
estudos, bem como estivesse sendo motivado em cada fase de sua alfabetização a
aprender para a vida.
Uma das sugestões de incentivo ao aprendizado foi à introdução de um multimeio
ao ambiente escolar, disponibilizando aos alunos diversos materiais e rótulos
que os instiguem a identificar a língua escrita.
Emilia Ferreiro não definiu uma receita pronta para garantia do sucesso no
processo de alfabetização, ela constatou em seus estudos, procedentes a outros
autores, que a escola precisa estar estimulando sempre o aluno para que haja
aprendizado significativo, portanto cabe a instituição educacional e a seus
agentes promover metodologias que vislumbrem resultados satisfatórios.
Um pensamento que detém importância no ensino-aprendizado tem sua origem nas
pesquisas e tese de Célestin Freinet, ele difundiu a idéia de que a escola
precisa estar trabalhando em conjunto, ou seja, num sistema cooperativista por
ações conjuntas a um único propósito, formar cidadãos capazes de modificar, com
ações concretas, o momento histórico da humanidade.
Segundo FREINET, a realidade em que o aluno está inserido é de suma importância
e deve ser discutida em contexto com os conteúdos curriculares, outro fator
importante de acordo com o autor, é que deve-se oportunizar ao aluno
estar sempre construindo seu conhecimento a partir do processo de
experimentação, cuidando para que ele nunca esteja sozinho nesse processo, a presença
do professor como mediador, bem como a companhia dos colegas da turma é
relevante para seu aprendizado, visto que a interação promove uma construção do
saber mais prazerosa e consistente sem perder a rigorosidade necessária.
De acordo com FREINET, o aluno inserido em um ambiente de aprendizado que se
caracteriza pela sua teoria, estará com uma auto-estima sempre em alta, pois,
ele estará envolvido nas fases do processo de construção, portanto, perceberá
seu mérito nos resultados obtidos.
A teoria de Paulo Freire remete-nos a reflexão acerca da metodologia
educacional, que por bem, faz mais parte do passado que do presente
educacional, digo daquela em que o professor era o dono do saber e o aluno um
mero espectador com o único intuito, receber informações que não detinham.
FREIRE denominou de bancária esse tipo de educação, pois, para ele se
identifica com o modelo bancário, o professor é o depositante e o aluno o
depositário do saber, restando para o segundo apenas render “juros”, sem
possibilidades de críticas reflexivas. A educação, na visão de Paulo Freire
precisa reestruturar-se para inserir o aluno num ambiente onde ele não esteja
para puramente aprender, mas sim, para compartilhar conhecimentos num processo
de mútua troca do saber. “Ninguém ensina nada a ninguém e as pessoas não
aprendem sozinha” (FREIRE, in ROMÃO, 2001:23).
O mais importante no processo ensino aprendizagem, segundo Paulo Freire, é
conduzir o aluno a perceber e ler o mundo que o cerca. Para ele, só se
conquista o saber se aprendermos a analisar o mundo em nossa volta de tal
maneira que possamos estar promovendo, de modo crítico e produtivo, constantes
interferências cotidianas.
Para tanto, FREIRE sugere a utilização de temas geradores que fazem parte da
realidade do aluno. A partir da escolha, deve-se instigar o aluno à análise e
reflexão críticas do impacto, desse tema, na vida dele e de sua sociedade.
A educação teve contribuição de um biólogo francês na sua prática pedagógica,
Jean Piaget estudou como se dá o processo de aprendizagem no sistema
cognitivo do ser humano. Para tanto, ele acompanhou a evolução intelectual de
crianças desde o nascimento e constatou que o conhecimento é adquirido por meio
de constantes conflitos cognitivos.
De acordo com os estudos de PIAGET, o ser humano passa por estágios de
aprendizagem que são responsáveis pela condição de assimilação do conhecimento.
Para o autor, o indivíduo só estará apto a aprender se seu cognitivo estiver
preparado para tal, esse momento de aprendizagem, PIAGET chama de insight.
PIAGET constatou com seus estudos, que a experiência é importante para que
ocorra o momento da assimilação do conhecimento, segundo o biólogo, quando o
aluno experimenta o saber, ele constrói um caminho mais breve ao entendimento
do fenômeno estudado. Portanto, a interação do indivíduo com o meio físico e
biológico, quanto maior e mais cedo, propicia o desenvolvimento do pensamento.
O método de aprendizagem que Jean Piaget apresenta para o sistema educacional,
consiste na interação contínua do indivíduo com o meio, através da mediação do
professor, em uma relação de respeito e cooperação mútuos.
Uma teoria que contribui muito para a metodologia educacional foi apresentada
pelo psicólogo americano Howard Gardner. Ele descreveu que o ser humano é
dotado de múltiplas inteligências e tem que ser valorizado por inteiro.
Segundo GARDNER, não se deve cobrar do aluno somente o desenvolvimento da
inteligência lógico-matemática e a lingüística, pois, o ser humano tem outras
competências e, qualquer uma delas podem estar mais evidentes que as outras,
oferecendo condições de progressão intelectual/produtiva. O psicólogo atribui
ao ser humano, outras inteligências, além das citadas, como: a inteligência
espacial, físico-cinestésica, interpessoal, intrapessoal, musical e a
naturalista.
Portanto, a partir da tese de GARDNER nota-se que é necessário a participação
efetiva do aluno na resolução de problemas, principalmente aqueles que fazem
parte do seu cotidiano e intrigam a humanidade. Para o autor, o aluno não deve
ser submetido constantemente a execução de atividades descontextualizadas do
seu mundo real.
A tarefa do educador mediante tal proposta, é explorar através de instigações o
envolvimento cognitivo do aluno no desenvolvimento e na busca constante de
possíveis soluções para os diversos problemas multidisciplinares que os cercam
e ameaçam negativamente a existência harmoniosa dos seres humanos.
Um outro pensador influente no processo ensino-aprendizagem é Lev Vygotsky. Ele
desenvolveu a idéia de que o indivíduo não nasce com características
pré-determinadas para a inteligência e para o estado emocional, mas sim, evolui
intelectualmente quando interagido constantemente a reflexões sobre questões
internas e das influências do mundo social. VYGOTSKY, a partir de sua tese,
contrariou o pensamento norteador da educação em sua época e acabou por
determinar uma outra via, a sociointeracionista.
Segundo VYGOTSKY, mesmo que o indivíduo nasça com predisposição para algo, ele
dependerá do aprendizado ao longo de sua vida, adquirido durante as relações
permeadas pelo seu grupo social. No entanto, para o estudioso, somente oferecer
interações constantes dos alunos com materiais, informações e meio sociais, não
garante aprendizagem significativa, deve-se contextualizá-los de forma a fazer
sentido para as necessidades individuais e coletivas.
Valendo-se das teorias de VYGOTSKY, o educador precisa trabalhar com as
informações sempre as incidindo na zona de desenvolvimento proximal do aluno,
ou seja, o educador tem que partir daquilo que a criança sabe fazer sozinha,
promovendo uma realização mais ampla com a ajuda de alguém mais
experiente, que está inserida no seu universo social.
[1]
Professora das quatro primeiras séries do Ensino Fundamental há quinze anos,
Graduada em Licenciatura Plena em Ciências pela Universidade Estadual de
Maringá-Campus Regional de Goioerê. Atualizado em 05/04/06